Vermelho em duas cenas

Hoje resolvi escrever. Todo dia costumeiramente faço o mesmo percurso rumo ao trabalho com minha companheira bicicleta quando duas cenas me chamaram a atenção. Saio de casa, ando um pouco, achando que seria mais um dia comum quando me deparo com uma cena que chocou a mim e à todos os transeuntes que por ali passavam. Um filhote de cachorro agonizando, se contorcendo com a cabeça estourada sabe-se lá porque, se foi agressão ou atropelamento eu não sei, sei que encontrei-o fazendo movimentos de quem clama pra que lhe tirem aquela dor ou que lhe dessem logo o golpe de misericórdia. Tudo chamava a atenção. Eu gosto de cores, “cores de Almodovar, cores de Frida Kahlo, cores...”. E aquelas cores que estampavam a cena, apesar de fortes, manifestava grande impacto e me prendeu por alguns instantes. O vermelho do sangue sobre o pêlo negro do cachorro e sobre o negro roto do asfalto desgastado. O verde de algumas árvores próximas ao local do adeus do pequeno cão. O dourado do sol pela manhã.
Naquele momento, exerci a máxima do ‘penso, logo viajo’. Os movimentos de clamor e de dor do cachorro, as expressões de susto, de nojo e de tristeza das pessoas que passavam, mas não podiam e/ou nada faziam. Fiquei assistindo por alguns segundos aquele momento bizarro. Como ser humano, vira e mexe me questiono sobre a morte, e naquele momento da passagem, da despedida, não conseguia formular nenhum pensamento. Eu apenas assistia. Enfim, tenho que prosseguir, pois tinha que ir trabalhar e então prossigo meu percurso. Assim mesmo, frio. E sigo.
Ando mais um pouco, e depois de uns 300 metros, paro pra atravessar a rua. Paro ao lado do pátio de um colégio. Enquanto espero os carros passarem, ouço o canto de uns pássaros acima de minha cabeça. E quando olho pra cima, outra cena me choca, dessa vez o choque da beleza. Pássaros de várias cores e espécies cantando e compartilhando galhos de um Ipê-vermelho. Putz! Quanta beleza! Uns com penas negras e bico branco, havia também periquitos, outros bem pequenos, mas igualmente belos contrastando com as flores do Ipê-vermelho e logo ao lado outra árvore com um verde exuberante. Impagável!
Mais uma vez tinha que prosseguir.
Putz! Quanta falta minha câmera me fez pra registrar essas cenas.
O contraste me chamou a atenção e me estimulou a escrever e socializar esse fato.
E o resto do percurso foi assim, pensando, pensando, pensando... na dimensão daquelas duas cenas que eu tinha acabado de assistir.
Caraca! Quão doida é a vida, quão fascinante, quão bela, quão assustadora...
E continuei a pedalar.

Comentários

Perk disse…
oie!
valeu pelos comentarios!

Parar pra ver a vida é realmete magnifico
Até mesmo a hora da morte e do sofrimento nos faz refletir
Que bom seria sempre poder ,não apenas olhar, mas ver tudo que nos cerca!
Unknown disse…
a vida é uma combinação de cores mesmo meu amigo, de alegria e de morte,sabemos q na realidade tudo tem fim e começa de novo, adorei seu texto,vc tá se expressando muito bem,parabéns!!!!!!!!!
vamu tomar umas...
Aline disse…
Legal teu blog!
Céu disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Céu disse…
Rapida-mente vim aqui, mas parei e li! Claro e sempre.
A vida e suas mil e uma faces! Surpreendente-mente dura e linda.
Atenciosa-mente e carinhosa-mente Thially Holanda
Adorei os mente-mente-mente separadinhos hehehe
:p
vá no céu mais vezes ;)
Anônimo disse…
...Muito bom! o verdadeiro relato da vida como ela é: Nua e crua. Leu muito Machado de Assis, certo! Aconteceu comigo, é uma linguagem tão fascinante e envolvente que dá logo vontade de escrever... gostei muito...ah, ia esquecendo, o que aconteceu com o balaio pra lugar...?
Anônimo disse…
necessario verificar:)