Trio Arcano

Usina da Arte João Donato

15 de março de 2008

Nunca me arrisquei como crítico e nem é essa a minha intenção. O que quero é escrever sobre minha impressão do show do Trio Arcano que aconteceu nos dias 15 e 16 de março/2008 na Usina de Arte João Donato.

Fui ver o show tanto pela carência de atividades do gênero em Rio Branco como pela curiosidade em conhecer o grupo do qual faz parte Bianca Gismonti, filha do alquimista do som Egberto Gismonti.

Maravilhoso! Foi a primeira palavra que pensei ao ouvir os primeiros acordes.

Música acessível a todos os ouvidos. Música democrática. Sim, porque antes do show começar, a minha expectativa era de uma banda de jazz de improviso, daquelas que tem que preparar o espírito pra entender e absorver, mas não. Fui surpreendido por um trio com um som de qualidade impressionante e que não precisa entender de música, partituras ou ser um ‘erudito’ musical.

Trio Arcano toca música pra sentir. Na platéia havia alguns deficientes visuais, eu sabia que eles sentiriam a música com muito mais intensidade já que parte de seus ‘olhos’ são seus ouvidos. Então, resolvi sentir a música como eles, desprovido do visual. Não deu outra: fiquei ‘mirando’ muita coisa boa. A música me transportava pra vários lugares existentes e inexistentes. Ora me imaginava numa floresta, ora na beira de um riacho com muitas pedras, ou numa casa da montanha, ora num espaço de muitas cores serenas, plácidas,...enfim, a energia positiva invadiu a sala de show da Usina.

Flauta, percussão e piano. Victor Somma, Adriano Sampaio e Bianca Gismonti respectivamente. Que música fantástica! Tudo me impressionava: a harmonia, a energia entre música e platéia, que apesar de pouca, mas estava compreendendo a missão da música naquele momento: de emocionar. Faz tempo que não assistia e/ou ouvia música que me emocionasse tanto. A música preenchia todos os espaço sem pedir licença, mas ao mesmo tempo com uma delicadeza e suavidade que não tinha como negar passagem.

Elementos contrastantes mas que se fundiam com harmonia impressionante. A flauta de Victor Somma parecia uma extensão do corpo suavizando a atmosfera que li estava. O piano dava o tom clássico. A percussão temperava dando sabores de africanidade, latinidade e, lógico, brasilidade.

Bianca usava sua voz literalmente como um instrumento fazendo um casamento perfeito com a melodia em todas as suas inserções.

O som do Trio Arcano me soou, ao mesmo tempo, simples e complexo, um som pensante e não pensante porque as melodias não exigiam erudição pra compreende-las e absorve-las, apenas senti-las.

A música ‘Tato’ foi uma das que mais me emocionou. Victor Somma compôs em homenagem a seu pai, falecido há alguns anos. Ouvi-a de olhos fechados e a musica me transportou as coisas simples da vida, como num flash-back (re)lembrando as coisas simples que fizemos e/ou ainda fazemos com nossos pais. Naturalmente chorei.

Assim foi o meu olhar do show. Por várias vezes fechei os olhos, assim como alguém fecha os olhos pra saborear melhor o sabor dos alimentos, fechei meus olhos pra saborear o delicioso som da música do Trio Arcano.

PS: Em breve posto fotos do show.

Comentários

Veriana Ribeiro disse…
juro que não vi seu comentario antes, smepre respondo os ocmentários, mas só fui ver hoje. Talvez você nem lembre mais de mim e do meu blog, mas não importa.

Fui convidada para ir nesse show, mas não fui por causa de outros compromissos. Quando li seu post quase me arrependi, parece ter sido ótimo, mas os outros compromissos eram definitivamente mais importantes.

Mas ainda tenho vontade de ouvir. Talvez um dia eu tenha a opotunidade.

E respondendo o post que você nem deve lembrar mais no meu blog, eu gosto bastante dessa area inde-alternativo-rock-what-ever-nnguem-conhece. Mas adimito, não conheço nenhum dos nomes que você falou... Mas estou disposta a conhecer, talvez amanhã procure pelo google e o myspac. Só n procuro agora porque e tarde e to com sono


Para variar exagerei e escrevi quase um post. Bem, gostei do blog.Vou parar por aqui.

Beijos
Anônimo disse…
Será que vc é perfeito?
Penso que sim..outras vezes não...
não sei bem...só sei que queria muito estar com vc nessa casa lá da montanha,no riacho com muitas pedras...
seria maravilhoso!
Pena que a realidade é outra.
Seu "texto" me emocionou!
Um forte abraço e um beijo.
Perfeito eu? Faz-me rir, rs. Anos-luz disso. Bom, a porta da casa da montanha vai estar sempre aberta, blz? Apareça mais vezes.