
E-mail que recebi esta madrugada do moderador do blog:
"Você diz que estou ficando velho. Diz que sou impaciente. Diz que sou implicante. Diz que sou um chato. Mas, vem cá: tem 89 anos que o Roberto Carlos canta as mesmas músicas. Faz uns 32 anos que ele não escreve nada novo. Aliás, o Roberto Carlos nunca escreveu nada.
Você conhece a minha tese, né? O cara compunha e o Roberto assinava - assim até eu. Só essa explicação pode justificar a obra-(não)prima desse fenômeno musical, desse Deus do cancioneiro brasileiro. E justifico: pegue as letras do Chico, do Caetano, do Adoniran, do Cartola, da Maysa, da Dolores Duran e por aí vai.
Pegue todas, coloque-as lado a lado e veja: mesmo que não goste de uma ou outra, todas têm qualidade poética. Se você pegar a esmo duas letras do Ary Barroso verá que as duas têm qualidades literárias inquestionáveis. Se pegar uma do Lupicínio Rodrigues chegará à mesma conclusão. Provo o que digo.
Vamos comparar duas músicas do Lupicínio - "Nunca", gravação Dircinha Batista, 1952; e "Nervos de Aço", gravação Francisco Alves, 1947. São cinco anos de diferença entre as duas composições, no entanto, as duas têm a qualidade do autor.
Se você pegar um livro e começar a ler sem ver o nome do autor, depois de meia dúzia de páginas você dirá: "Isto é Machado de Assis". "Isto é Drummond".
Não sou nenhum marchand, você também não, mas sabemos quando estamos diante de um Picasso, de um Di Cavalcante, de uma Anita Mafaltti. O artista plástico tem seus traços característicos que são reconhecidos até por não especialistas como nós - basta não ser um idiota alienado. Os autores, aí incluídos os letristas, também têm seus traços.
Voltemos ao Rei (sic). Quem escreve, por exemplo: "Eu só ando sozinho e no meu caminho o tempo é cada vez menor. Ah, eu preciso de ajuda. Por favor, me acuda" ("As curvas da estrada de Santos"), não pode escrever algo como:
"Eu quero ser sua canção, eu quero ser seu tom
Me esfregar na sua boca, ser o seu batom;
O sabonete que te alisa embaixo do chuveiro,
A toalha que desliza pelo seu corpo inteiro"
Se porventura alguém que tenha escrito os primeiros versos fosse o autor da estrofre acima, jogaria a estrofe no lixo. E diria para si mesmo: "Isso é horrível. Não posso ter escrito isso".
O cara que escrevia as músicas do Rei (sic, sic) morreu. A prova disso é a falta de lançamento de um, unzinho apenas, CD com músicas inéditas há mais de seis anos.
Acenderei uma vela em homenagem ao falecido e outra em homenagem ao falecido que ainda sobrevive - aplaudido, é verdade, mas que já morreu há muito.
Ah! E antes que você diga qualquer coisa do tipo: "Você fala, mas assiste ao show do homem", vou logo adiantando que não assisti m.... nenhuma. Ocorre que moro em um prédio que só tem velho surdo, e assim sou obrigado a escutar, mesmo detestando, certos programinhas.
Agora, quando eu coloco meus blues e rocks nas alturas, os velhos ficam malucos, mas também não dizem nada.
Ontem, colocaram um pagode maldito. O pior é que ficou o mesmo cd, de Jorge Aragão, por mais de duas horas. Eu não agüentei e fui prá guerra. Coloquei "La Mississipi Blues Band", que da calçada dava pra ouvir com perfeição. Vão pro inferno com esses pagodes malditos.
Fonte: Blog do Noblat
Comentários
é verdade..
mas, mesmo assim eu gosto de assistir ao especial Rei !!
mesmo q ele cante "Se ela dança, eu danço..." com o Mc num sei o quê lá...
ahuahuahua
=PP
Eu falei, ainda na adolescência, para a minha avó que acabou aceitando como verdade também. rsrs
Sim, sou Budista!